Cirurgia de mudança de sexo, redesignação, transgenitalização, ou neofaloplastia: o que é?

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Alexandre Desoutter Atualizado em janeiro 31, 2022

A cirurgia de mudança de sexo é considerada um dos grandes avanços da medicina e tem um importante papel no bem-estar e saúde mental das pessoas transgêneros que desejam ter um corpo mais adequado a identidade de gênero que se identificam.

Você sabe como esse tipo de procedimento é feito? Dúvidas sobre as etapas desse processo, cobertura do plano e saúde, custo e pós-operatório são muito comuns e devem ser bem esclarecidas para que a decisão de realizá-la ou não seja feita de forma consciente.

Por isso, reunimos os principais questionamentos sobre a transgenitalização neste artigo para facilitar o entendimento de que quem busca saber mais sobre a redesignação de sexo. Confira!

Qual o termo certo a ser usado para esta cirurgia?

Se você não sabe qual é o termo certo para falar sobre a cirurgia de mudança de sexo não se preocupe. Essa é uma das principais dúvidas de quem quer saber um pouco mais sobre o assunto. 

Esse procedimento é popularmente conhecido como cirurgia de mudança de sexo ou redesignação de sexo ou genital, porém termos como transgenitalização, neofaloplastia e readequação genital também são usados para esse procedimento.

Algumas pessoas trans sofrem disforia corporal e, a mudança de sexo faz parte do processo de aceitação e bem-estar dessas pessoas. Com a popularização dos termos e da importância desse procedimento, a busca por informações aumentou expressivamente. 

Embora essa cirurgia esteja mais difundida nos últimos anos, o procedimento de mudança de sexo já existe há um bom tempo. O primeiro registro no mundo foi na década de 1920, em Berlim, história que ficou conhecida pelo filme “A Garota Dinamarquesa”, contando a história de Lili Elbe, a primeira mulher transexual que realizou o procedimento.

Bom saber

Você sabia que no Brasil, a primeira cirurgia de redesignação de sexo foi feita em 1971 em uma mulher trans e, em 1977, foi feita a primeira cirurgia em um homem trans no país. 

A cirurgia de mudança de sexo é coberta pelo plano de saúde?

A transgenitalização não é considerada uma cirurgia estética, e sim, um procedimento determinante para minimizar os sofrimentos psicológicos causados pela ausência de identificação de gênero biológico. Portanto, por apresentar caráter reparador, os planos de saúde devem cobrir todos os custos da cirurgia.

Porém, nem sempre a operadora autoriza o procedimento na primeira solicitação, já que o mesmo não está presente no Rol de Procedimentos da ANS. É importante saber que isso não significa que a cobertura não deve ser atendida, muito pelo contrário.

A lista de cobertura obrigatória estipulada pela ANS representa o mínimo que os planos de saúde devem custear e não a totalidade dos procedimentos. Ou seja, não estar presente no Rol de Procedimentos da ANS não é garantia de negativa de cobertura.

Em situações em que o plano de saúde não autoriza a cirurgia de mudança de sexo, é possível recorrer e agilizar o processo por meio de uma ação judicial e garantir a cobertura completa com mais rapidez.

Vale lembrar que, para que o plano de saúde libere a realização do procedimento, é importante confirmar se o convênio contratado faz parte de modalidade hospitalar, com ou sem obstetrícia. Caso o contrato tenha sido feito somente na modalidade ambulatorial, não será possível recorrer ao plano para a realização do procedimento, já que esse tipo de contrato não envolve nenhum tipo de procedimento cirúrgico.

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Quais são os passos a serem tomados antes da cirurgia?

Os preparativos para essa cirurgia são bem diferentes de uma cirurgia qualquer. Isso porque, antes de iniciar o pré-cirúrgico, é necessário fazer alguns acompanhamentos, como:

  • Acompanhamento com psicólogo, psiquiatra e assistente social
  • Acompanhamento com endocrinologista para tratamento hormonal. Esse tratamento é necessário para que o paciente comece a adquirir características femininas ou masculinas de acordo com cada caso.
  • Assumir socialmente o gênero que irá adotar

Essas etapas levam em média 2 anos e, sem elas, não é possível realizar a transgenitalização.

Atenção!

Essa é uma exigência indispensável, pois fornece suporte para que a adaptação física, social e emocional seja feita com segurança

Quem pode fazer a cirurgia de mudança de sexo?

Por se tratar de uma cirurgia complexa e que exige muito acompanhamento médico mesmo antes do procedimento, é necessário cumprir alguns requisitos para realizar a cirurgia de redesignação genital.

Até o final de 2019, a idade mínima era 21 anos, porém, em 2020 houve uma atualização dos critérios pelo Conselho Nacional de Medicina que reduziu para 18 anos, permanecendo a idade máxima de 75 anos.

Outro critério que deve ser seguido é que, para iniciar o tratamento hormonal que antecede a cirurgia, o paciente deve ter no mínimo 16 anos. Para crianças e adolescentes mais novos, é indicado acompanhamento com equipes multidisciplinares até que se enquadrem nos requisitos para o procedimento, sempre com o consentimento e acompanhamento dos pais ou responsáveis.

Como é a cirurgia de mudança de sexo feminino para o masculino?

As pessoas que nasceram com o sexo biologicamente feminino e desejam realizar a transgenitalização para o sexo masculino podem fazer a mudança de gênero a partir de duas técnicas: a metoidioplastia e a faloplastia.

Metoidioplastia

A metoidioplastia é a técnica mais utilizada e é iniciada com o tratamento a base de testosterona para estimular o crescimento do clitóris com objetivo de apresentar um tamanho maior do que um clitóris feminino comum.

Com a primeira etapa concluída, a cirurgia pode ser realizada. A partir de incisões em torno do clitóris, é possível desprendê-lo do púbis para dar mais mobilidade e liberdade para o órgão.

O tecido da vagina é utilizado para aumentar o comprimento da uretra, que será localizada na parte interna do novo pênis. Nessa técnica, o tecido vaginal e os pequenos lábios também são utilizados para moldar o formato do pênis, como também para preservar a sensibilidade natural da região.

Para a construção do sacro escrotal, a técnica utiliza os grandes lábios em conjunto de próteses de silicone que irão moldar os testículos.

Faloplastia

Por ser uma técnica mais complexa do que a metoidioplastia, a faloplastia é mais cara e pouco realizada no Brasil, por isso, quem busca esse tipo de transgenitalização costuma realizá-la no exterior.

Nesse tipo de cirurgia, o órgão genital é praticamente construído a partir de enxertos de outras áreas do corpo, como coxa e antebraço. Para ter um resultado mais próximo do formato natural do pênis, são utilizados músculos, pele, vasos sanguíneos e nervos que possibilitam que o órgão tenha mais volume e maior tamanho.

Em ambas as técnicas, o útero, os ovários e os seios devem ser retirados. Essa etapa do procedimento pode ser feito durante a cirurgia de redesignação de sexo ou pode ser agendado para outra ocasião.

Como é a cirurgia de mudança de sexo masculino para o feminino?

A cirurgia de mudança de sexo masculino para feminino é feita a partir de uma técnica chamada inversão peniana modificada. Com ela, é possível manter as terminações nervosas do pênis e utilizar grande parte dos tecidos e nervos, garantindo que seja possível sensações de prazer com o novo genital.

Os testículos e parte do pênis são removidos e um espaço de aproximadamente 15 centímetros é aberto para abrigar a neovagina. Os lábios vaginais são feitos utilizando a pele do saco escrotal e do prepúcio, já o clitóris é formado com a glande, que também manterá o prazer sexual.

A uretra e o aparelho urinário também são adaptados para que a pessoa possa fazer xixi sentada. Porém, para que o novo canal vaginal não se feche, são usados alguns moldes vaginais que devem ser trocados durante as semanas para permitir que a nova vagina seja dilatada.

Como funciona o pós-operatório destas cirurgias?

Por serem cirurgias complexas e em regiões delicadas do corpo, o pós-operatório deve ser seguido com cautela e respeitando os protocolos de cuidado e higiene.

Para as cirurgias de readequação feminina para masculino, além da retirada dos seios, ovários e útero, é importante manter repouso nas semanas seguintes e aguardar pelo menos 3 meses para ter relações sexuais e contato íntimo.

O pós-operatório da readequação masculina para feminina é um pouco mais demorado e atividades físicas e sexuais são liberadas após 4 meses, em média. Ao contrário da cirurgia de masculinização, não é necessário retirar a próstata, por isso, além da paciente fazer um acompanhamento com ginecologista, também é preciso fazer acompanhamento com o urologista.

Quais são outros procedimentos feitos por pessoas transgênero?

As cirurgias de readequação genital não são as únicas alternativas para que as pessoas transgênero sintam-se mais confortáveis com seus corpos. Hoje em dia, existem outros procedimentos que potencializam algumas características, tornando o corpo mais próximo da imagem feminina ou masculina.

Veja outros procedimentos procurados:

  • Hormonização
  • Harmonização facial
  • Tireoplastia (mudança de voz)
  • Implantes de próteses mamárias (para mulheres trans e travestis)
  • Redução do pomo de adão (para mulheres trans e travestis)
  • Round Glúteo
  • Lipoescultura
  • Mastectomia (para homens trans)
  • Histerectomia (para homens trans)

Vale lembrar que a maioria dos planos de saúde não cobre procedimentos estéticos e, esse tipo de intervenção é feita na rede particular.

Qual é o custo das cirurgias de mudança de sexo?

Embora as cirurgias de redesignação sexual possam ser feitas pelo SUS desde 2008, o longo período de espera pode ser frustrante para quem deseja realizar esses procedimentos. 

Com isso, a grande parte das pessoas que buscam as cirurgias de mudança de sexo utilizam plano de saúde ou a rede particular.

Porém, como é de se esperar, a readequação genital não é algo simples e, por necessitar que profissionais altamente capacitados, tecnologias e materiais adequados para a sua realização, o custo final tende a ser alto.

Veja a seguir a média de valores na rede particular para as cirurgias de transgenitalização:

Tipo de cirurgiaPreço
Cirurgia de masculinização genital
R$ 45.000
Cirurgia de feminização genital
R$ 35.000
Preço das diferentes cirurgias de readequação sexual.

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O que é o procedimento transexualizador oferecido pelo SUS?

Assim como afirma o Art. 196, da Constituição Federal de 1988, “a saúde é direito de todos e dever do Estado” e o acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde devem ser garantidos.

Mesmo com alguns atrasos, as pessoas transgêneros podem buscar recursos na rede pública de saúde, incluindo a cirurgia de redesignação genital.

O Processo Transexualizador é uma combinação de cuidados assistenciais desenvolvido e oferecido pelo Sistema Único de Saúde exclusivamente para as pessoas transgêneros e travestis que buscam adequar suas características físicas ao gênero do qual se identificam.

Desde 2008, o SUS incluiu procedimentos transgenitalizadores ao rol de atendimentos destinados às mulheres trans. Isso porque, nesse período, somente essa fatia de pessoas podiam usufruir dos serviços de readequação genital.

Em 2013 esse perfil foi atualizado e ampliado e, homens trans e as travestis, passaram a ter o direito de serem atendidos pelo SUS para realizar a transgenitalização. A partir disso, foi estipulado três diretrizes de assistência às pessoas transgêneros, são elas:

  1. integralidade da atenção a transexuais e travestis, não restringindo ou centralizando a meta terapêutica às cirurgias de transgenitalização e demais intervenções somáticas;
  2. Trabalho em equipe interdisciplinar e multiprofissional;
  3. Integração com as ações e serviços em atendimento ao Processo Transexualizador, tendo como porta de entrada a Atenção Básica em saúde, incluindo-se acolhimento e humanização do atendimento livre de discriminação, por meio da sensibilização dos trabalhadores e demais usuários e usuárias da unidade de saúde para o respeito às diferenças e à dignidade humana, em todos os níveis de atenção.

Veja abaixo, os procedimentos realizados pelo SUS:

  • Acompanhamento da(o) paciente no processo transexualizador exclusivo nas etapas do pré e pós-operatório
  • Tratamento hormonal
  • Redesignação sexual no sexo masculino
  • Redesignação sexual no sexo feminino
  • Tireoplastia
  • Tratamento hormonal preparatório para cirurgia de redesignação sexual
  • Mastectomia simples bilateral
  • Histerectomia com anexectomia bilateral e colpectomia
  • Cirurgias complementares de redesignação sexual
  • Acompanhamento do(a) paciente no Processo Transexualizador exclusivamente para atendimento clínico
  • Plástica mamária reconstrutiva bilateral incluindo prótese mamária de silicone bilateral
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Alexandre Desoutter
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Alexandre Desoutter trabalha como editor-chefe e chefe de relações com a imprensa na HelloSafe desde junho de 2020. Formado pela Sciences Po Grenoble, trabalhou como jornalista por vários anos na mídia francesa e continua colaborando como colaborador a várias publicações.

Neste sentido, a sua função leva-o a realizar um trabalho de orientação e apoio a todos os editores e colaboradores da HelloSafe para que a linha editorial definida pela empresa seja integralmente respeitada e declinada através dos textos publicados diariamente no nossas plataformas.

Como tal, Alexandre é responsável por implementar e manter os mais rígidos padrões jornalísticos dentro da equipe editorial da HelloSafe, a fim de garantir a informação mais precisa, atualizada e especializada possível em nossas plataformas. . O Alexandre, em particular, empreende há dois anos a implementação de um sistema de dupla verificação sistemática de todos os artigos publicados no ecossistema HelloSafe, capaz de garantir a máxima qualidade da informação.

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